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21 Jul
80. Eu tô grávida

Falei essa frase três vezes de 1991 até 1994. Sim, fiquei grávida três vezes nesse período. Não foi fácil, me senti culpada principalmente na primeira vez, eu ainda não era casada. Casei grávida de três meses. Deu tudo certo, mas acho que fiquei alguns anos num tipo de anestesiamento, pareceu que fui abduzida. Acho que voltei para a terra depois de um tempo, quem sabe em... 2019... brincadeirinha.

O fato é que parece que fiquei grávida de dezembro de 1991 até abril de 1995. Tive sonhos em que eu estava grávida em dois tempos, um filho nasceria em dois meses e outro em sete meses. Esse sonho se repetiu algumas vezes. 

Tive gestações tranquilas, não enjoava ou só enjoava quando comia demais. Não precisei de repouso, dormia pois era gostoso mesmo. Tudo correu bem. O parto do caçula teve uma pequena complicação, mas foi contornado.

Por tudo de bom, parecia que reclamar seria até pecado.

O fato é que, depois de ter os meninos, vivi anos no automático, olhando pouco para mim mesma, fazendo coisas que necessitava e que eram mais práticas. Acho que nessa época eu pouco ouvia música. Assistia TV e já era muito. No fim, tudo se organiza, a gente se entende, leva tempo, ser mulher ainda não é simples, desigualdades acontecem em todos os níveis. Nesse ponto, ser prática não é tão ruim. Alguma coisa em mim não se sentia bem... Desconforto gera movimento?

Foi quando eu fiquei grávida, mas de forma diferente. Aos 39 anos. Resolvi estudar teatro. É que eu me vi grávida de muitas coisas. Reparei que precisava dar a luz a existências que toda hora passam pelo meu ventre. Nasceu tanta coisa, textos, criaturas, músicas. Conheci tanta coisa diferente e boa. De lá pra cá, de tempos em tempos eu engravido.

Agora mesmo, eu tô grávida. Grávida de uma pesquisa, de canções, de poesias e de outras coisas que ainda nem percebi. O bom é que já sei que não é fácil, incomoda, faz pensar e movimenta tanto que dá até pontapé na barriga.

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