Olhei os telhados das casas, paisagem da Mooca. Olhei pouco para a praça, concentrei no horizonte a organização geográfica da avenida, seus sons. Engasguei olhando janelas. Há pessoas do outro lado do vidro? Estão bem? Estão sofrendo suas perdas? Quantas pessoas que não moram mais nesses apartamentos e casas? Olho aqui do alto, todos tão próximos. As mortes gerando uma espinha de peixe na minha garganta. Eu não como peixe, como a espinha veio parar no meu corpo? Um chip foi implantado? Uma criação? Ficção científica? Derramo lágrimas, lagrimas performers, lágrimas pesquisadoras. Reparo o Franscafé na avenida, nunca tinha reparado. Faz tempo que não tomo café em liberdade. Tomei um gole do café, a caneca que peguei no intervalo, ainda em minhas mãos. Mais uma lagrima. O Café ganhou outro toque na minha língua. Mistura salgada e amarga. Muito sal e amargo.
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Quero alimentar a ideia de pandemia no corredor. O texto apareceu na última aula do Junior Romanini. Recortei muitas palavras que anotei após as aulas:
Arqueologia
Lajotas
Rejunte - Rejuntar
Fissura
Taco
Cupim
Caos semântico
Pandemia
Rastros
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A pandemia me jogou no corredor. O que é pandemia? O que é a pandemia correndo meu corpo? Que corpo que corre o corredor considerando a pandemia?
Regras:
Escrever palavras nas lajotas com giz;
Caminhar, saltar, riscar, apagar palavras;
Gravar sons do violão e soltar o som vindo do quarto;
Dicionário.
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Antes de tudo, colar o bilhete do outro lado da avenida e gravar.
No fim de tudo, pensar na apresentação.