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03 May
3. Um vídeo e uma poética de muitas perguntas

Vídeo gravado em 2 de abril de 2021

Recomendo a leitura do texto após assistir o vídeo.


Intempestivo 

Ao abrir a cortina, estabeleci o pacto com o lapso. Com a luz, não se vê a sala. Isso revela, o espaço de estudo, o corredor. Ali se encerra o que busco, o que tenho chamado de “entre”. 

Com a luz, o que se pode ver? 

A luz, borra a sala, estoura a imagem. Volteio, desapareço, não fico lá, volto. Mas de qual olhar eu falo? O meu? O seu? 

O que viu a mulher que sumiu na luz? 

Qual a distância de se ver a luz?

Qual corpo abraça, some, revelando a luz? 

Quem veste a luz? 


Pesquisar é procurar o escuro? 


Sei que o corredor não é mais o mesmo. É um corredor outro tempo.O corredor não é mais passado, nele contêm um passado que se revela agora. 

Corredor também é corpo. O corpo é espaço que a luz finge revelar, mas confunde. 

*****

“... ser contemporâneo é, antes de tudo, uma questão de coragem: porque significa ser capaz não apenas de manter fixo o olhar no escuro da época, mas também de perceber nesse escuro uma luz que, dirigida para nós, distancia-se infinitamente de nós. Ou ainda: ser pontual num compromisso ao qual se pode apenas faltar.” (AGAMBEN, 2009).

AGAMBEN, Giorgio. <strong>O que é o contemporâneo e outros ensaios.</strong> Chapecó, Editora Argos, 2009. 

Texto trabalhado na aula da Profa. Dra. Giuliana Simões que ministrou as aulas, dentro do Eixo Temático "Recepção e Contemporaneidade".

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