1 min de leitura
14 Aug
93. Visita

Eu me sentei com a foto, ao lado da janela. Senti o corpo da foto, a foto do corpo. Fiquei parada, imóvel por uns 20 minutos. Olhando quem batia a foto, quem estava lá, fechando os olhos, sentido o corpo. Pesos, tensões, apoios. Quem estava lá? A menina? Eu? Alguns momentos não conseguia saber quem eu era. Terminei e meditei. Não escrevi nenhuma palavra, fiz desenhos sem definição. Depois eu fui sentar na cadeira de balanço e olhar a árvore.

Eu demorei para sair de casa. Me programei para ir cedo, mas alguma coisa me segurava. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Eu criei tanta expectativa, achei que "renderia" mais. Mas rendeu o que tinha que render. Olhei a janela. Por dentro, para fora, para a árvore. O que é ver o outro lado da árvore. Foi isso que foi. 

Sentei na cadeira e estudei movimentos lentos lentos e lembrei das mãos. Tenho olhado algumas fotos e vejo as mãos da Dé, da minha mãe, as minhas mãos apertando o relógio da vó ou o colar da minha mãe. A criança tem uma força nas mãos. Eu fiquei com isso. Apertei a cadeira té chorar.

Antes de tudo eu coloquei a máquina de costura no corredor. Passei pano no corredor. Olhei gavetas, quero fazer uma torre com gavetas. Lembrei do que falavam de mim: Estava sempre com a cara nas gavetas.

É isso. Hoje foi isso.


Comentários
* O e-mail não será publicado no site.