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21 Jun
52. Perguntas

Eu me faço diversas perguntas. Outras tantas, as pessoas que estão a minha volta me fazem. Todas elas me tocam, até as que vêm da curiosidade cotidiana e que nada (ou tudo) tem a ver com a pesquisa.

Outro dia a Sonia passou aqui no blog e deixou a pergunta: o que seria de nós sem as palavras e sem a escrita? 

Complementou: E sem os acasos, os achados e os erros?

Reparei que comecei a pesquisar em 2015, se não antes. O meu desejo de mergulhar na arte da escrita é antigo. O desejo de reescrever minhas histórias também. A memória como matéria ficcional me encanta. A escrita cotidiana das crônicas também. Na pós de corpo passei a olhar para a escrita do corpo também, o movimento das vértebras ou mesmo o quanto os meus gestos se assemelham dos gestos das minhas antepassadas. 

Sem as palavras e sem a escrita eu não estaria aqui. O corpo escreve sem precisar de palavras. O fato é que me comprometi a escrever diariamente e postar pois eu gosto de responder, mas prefiro perguntar. 

Sem palavras e sem a escrita, talvez eu não me encantaria com dicionários e não escreveria pisos de lajotas. 

Sem palavras e sem a escrita eu não teria terminado de escrever uma peça infantil com a pergunta "qual vai ser a primeira palavra?" A personagem Laura lança essa pergunta para o público, sugerindo que as crianças saiam do teatro e escrevam as suas histórias. Aqui é o diário onde eu escrevo sempre a próxima palavra. Qual vai ser a primeira palavra amanhã?

O blog é um lugar de criar. Perguntar é criar. Pensar é criar. Reelaborar também é. Espaço da criação, lugar-tempo onde as lembranças lançam suas fagulhas. Essa primeira chama me interessa. Quero ficar parada, em silêncio, como o fotografo que aguarda a imagem perfeita e clica o acontecimento. Espera ou espreita? 

A minha história pessoal parece distração o tempo todo. Eu fico revelando minhas memórias e zapt, algo se apresenta. Pode ser um furo no livro, as palavras aleatoriamente lançadas nas lajotas revelando um percurso, os negativos de 1987 que a Bu encontrou e digitalizou e o vento que colocou o bilhete de ponta cabeça quando decidi que o trabalho havia terminado. Como de fato se processa a criação? A Sonia também perguntou e hoje eu responderia que não existe resposta, mas que eu adoro achar que um dia responderei essa linda questão. 

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