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06 Jun
37. Caminho do Canto e Arqueiro Zen no Corredor

Conheci A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen pela Andrea Drigo. Ela criou o Caminho do Canto e sua provocação maior é a pergunta Quem canta em mim? 

Conheci a Andrea na pós em Corpo do Célia Helena e de lá pra cá são dois anos de estudos individuais do Caminho do Canto e também participo do grupo que ela batizou de Criação em Ato. 

O Caminho do Canto é um trabalho que me potencializou (e potencializa) e me provoca a pensar no quanto, para desenvolver um trabalho em artes é necessário tirar o ego da frente. É isso que a Andrea provoca sempre com sua pergunta koan. O arqueiro zen busca desenvolver a arte sem arte. É o tempo todo uma luta do arqueiro com ele mesmo. No Caminho do Canto a Andrea nos guia de forma similar ao mestre, todo o tempo sugerindo a abertura de espaços para as frequências passarem pelo corpo, um corpo vibrátil, corpo diapasão que se afasta de seus pressupostos e experimenta a arte sem utilidade, quem sabe, sem vaidade.

O tiro com arco não persegue um resultado exterior, com o uso do arco e da flexa, mas uma experiência interior, muito mais rica.

Arco e flecha são, por assim dizer, nada mais do que pretextos para vivenciar algo que também poderia ocorrer sem eles; pois são apenas auxiliares para o arqueiro dar o salto último e decisivo (HERRIGEL, pág 26).

Penso nas minhas expectativas hoje. O desenrolar da arte, dos estudos, sem muita expectativa, desenrolando em fluxo. Criar sem saber ao certo onde chegar e se vai chegar. Olhar para essas questões sem perder o rigor da pesquisa, criar a todo tempo vivendo o agora e não o que vai ser. Como a escrita agora. Olhei o livro e ele me chamou:

- Conte como você me vê.

Respondo que não sei dizer, que tudo o que disser não chegará perto do que o livro provoca. São princípios do Zen, na linda história contada e vivida em experiência por Eugen Herrigel. Respondo que preciso ler novamente para provocar novamente meu corpo.

A arte cavalheiresca do arqueiro zen é um livro para ser relido ao longo da vida, uma vez por ano, semestre, ou sempre que achar que precisa. É fazer um chá bem gostoso, como acabei de fazer e ler saboreando cada trecho, gole por gole.

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