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18 May
179 - Palavras que afloram de um nó na garganta

Peguei a cortina para dançar. Pensei em minhas avós, bisas, e quem mais resolver aparecer.

Poderia ser um lençol?

Poderia, mas é uma cortina.

E eu dancei com ela solta, com suas rebarbas do lado em que foi descosturada. Dancei com seus nós e me lembrei de um texto e de um vídeo que gosto. Sueli Rolnik fala da aranha e o órgão que produz seus fios. Das patinhas que tocam o fio e sentem a vibração do ambiente. Também me lembrei dela falando dos guaranis e dos ninhos de palavras alma. É o texto que ela abre o seu livro Esferas da Insurreição e que se chama "Palavras que afloram de um nó na garganta". Retomei o livro e segui. Alguma coisa me disse que ele deveria me acompanhar na viagem. Parei para tomar um chá e li/reli um bom pedaço. Me alimentou.

Abaixo, o vídeo que me acompanha faz algum tempo. Veja ela falando da aranha tecendo e sentindo o ambiente partindo dos fios que ela produz. 

Sigo desatando nós e sentindo os fios.

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