Fui até o corredor na quarta. Segui o programa 3. Eu me senti mais emotiva nas duas primeiras visitas. Na última quarta-feira eu cheguei com mais pressupostos. Senti que estava com alguma expectativa. Não me atentei a respiração, não me senti na bacia. Não sei o quanto isso é bom ou ruim, não questiono a qualidade do trabalho. Só analiso.
Usei uma corda de violão estourada e muitas formas se passaram na minha mente. A primeira imagem é sonora. Fora do violão, sem a tensão do instrumento, outros sons acontecem. Brinquei de girar a corda rapidamente, de passar nos cabelos e ouvir os sons perto dos ouvidos, passei a corda nos dentes e me lembrei de uma canção, do primeiro verso da ultima canção que compus "gosto de quem põe os dentes desesperados na melodia...".
Em todas as vezes que estudei o corredor dei play na trilha que gravei na porta da cozinha. Pensei que da próxima vez eu vou colocar o som do violão dentro do meu quarto. O som da casa-memória é assim. Eu tocando violão no quarto, dentro da porta que pode ser vista na foto.
Ontem, antes de dormir, já deitada, sob as cobertas, coloquei fones de ouvido e liguei o vídeo. Não assisti. Só ouvi os sons. Fui embalada com os ruídos do apartamento, acordei pensando nos sons dos cômodos.
Hoje já sonhei ligar um vídeo-game antigo na sala. Imaginei sons das gavetas da cozinha. Quem me conhece sabe, amo gavetas desde menina. Minha mãe diz que, quando pequena, eu sempre estava com a cara dentro das gavetas.
Quarta passada eu mexi em gavetas para ouvir seus sons. Achei três livros: Ou isto, ou aquilo, A fada que tinha ideias e um de fotos de balé clássico, com o Baryshnikov na capa. Me pergunto o porquê dos meus livros estarem numa gaveta e não na prateleira. Depois penso que, neste caso, um erro lógico seria assim.