Já faz algum tempo, mais de 10 anos, que tenho uma caixinha de música de cartão perfurável.
Faz mais de dez anos que eu penso em perfurar o cartão, pensar uma música, compor.
Não sei o motivo de esperar tantos anos. Medo de perfurar? Perfurar o que? Uma parte minha? Um pedaço do corpo? Um desejo? Um receio?
Me lembrei de um pensamento da Clarice Lispector, alguma coisa como cortar um pedaço, um defeito que pode estar sustentando um edifício inteiro. Talvez eu estivesse com medo de furar alguma coisa assim.
Resolvi que hoje, 4 de novembro de 2021, 19h43min, eu furaria o primeiro cartão. Abaixo a prova disso: