Mais cedo, ventei algumas ideias ao conversar com um dos meus filhos sobre plágio na música. Eu fui tentar entender algumas notícias que circularam nas redes sociais, fantástico, tabloides sobre um possível plágio de uma cantora. Lembrei de diversas músicas que são iguais ou parecidas e fui buscando uma a uma no Spotify.
A primeira coisa que pensei é que na música ocidental temos somente 12 notas. Na música pop, algumas progressões de acordes e também alguns arranjos são muito usados. Me parece muito fácil compor algo que já foi pensado e feito. Tantas coisas parecem iguais mesmo sendo diferentes. Mas de qualquer forma o que seria de fato um plágio em 2021?
Uma série de perguntas passaram a me habitar depois da conversa com o Gustavo. Eu olhei para minha história e tudo o que me compõe. Eu me pareço muito com a minha mãe, gosto do Cortazar, li muito Clarice Lispector, amo Manoel de Barros, Ana Cristina Cesar, ouço muito Gilberto Gil. No caso do Gil, me recordo que em uma música minha, depois de composta e bastante tocada, comecei a ouvir algo que se assemelhava com uma composição dele, coisa de quatro compassos. Copiei ou fluiu na memória enquanto criava? O que é influência e o que é plágio?
Sei que existe regra para isso, e direitos autorais devem ser preservados em todas as áreas. Por outro lado, também acredito que agora, em 2021, fica muito difícil não deixar transparecer alguma influência. Acredito em percorrer caminhos de artistas que deixaram uma obra. Algo novo sempre aparece nessa trilha.
Não estou defendendo Adele, também não estou condenando. O que é certo deve ser discutido e feito. Só me questionei sobre o artista em fluxo e suas influências. E uma questão que desejo investigar. A memória do ouvido. As melodias que ouvimos e que ficam em nós. E também a matemática das combinações da música. Será possível criar algo novo?
Enfim, abri aqui um portal aqui. Sei que vou transitar por isso por alguns dias.