Hoje eu assisti uma aula sobre Matemática e Literatura do escritor e prof. Jaques Fux. Eu me interessei por essas aulas pois em algum momento da pesquisa no corredor eu comecei a pensar no corredor como um tabuleiro. Quem sabe uma espécie de xadrez ou qualquer jogo inventado. Criei regras para as performances que inicialmente foram pensadas como regras que já utilizei para a escrita de textos ficcionais. Usei linhas das lajotas para criar percursos, imaginei que eu era meus dedos no violão e outras brincadeiras que provocam a movimentação do corpo todo.
As aulas que iniciei hoje vão transitar por Borges, Carroll e Perec. Gosto muito da escrita literária, já me arrisquei em pequenos contos. No caso da performance, tenho pensado muito na criação e escrita das regras, que sei, são bem claras e objetivas, mas que podem, em alguma medida, sugerir movimentações poéticas.
Penso também no trânsito da memória, na lógica, na construção de realidades, lembranças que são reconstruções. Sobra alguma verdade? Muitas vezes eu espero que não. A realidade é linda, mas quando toma um banho de ficção me encanta.
A matemática me leva por outros caminhos. Seguir a trilha de autores que se divertindo ao escrever me cativa. Aviso, se eu começar a escrever equações no corredor, é só para lembrar que eu, quando estava ao lado do meu pai, estava, provavelmente estudando matemática ou física. A presença da memória é real ou ficcional? Sei que quando olho a foto acima, não me lembro desse dia, mas posso recriar a história do que estava acontecendo. Na época, eu queria me lançar na Estatística. Me graduei em Matemática e nunca mais usei esse conhecimento para nada que me recorde. Quem sabe, nessas aulas, eu acorde a matemática que vive dentro de mim.